Tuesday, May 30, 2023

A Acumulação

 Será a acumulação de capital o único propósito da vida? Poderemos viver de outro modo sem ser acumular dinheiro? Se sim, qual é ele?

 Parece-me que os únicos que o conseguem fazer são os povos indígenas, ou pelo menos aquelas tribos isoladas na Amazónia que não têm qualquer contacto conosco. Qual será então o seu propósito? Ao que parece não precisam de acumular dinheiro para viver. È certo que não têm luxos, vivem em cabanas pobres sem saneamento. Devem caçar o que comem, ou pelo menos plantam algumas coisas. No entanto têm filhos e não precisam de pagar impostos para nada. A cabana deles, apesar de pobre, não paga IMI, enquanto que aqui, qualquer barraco tem que pagar alguma coisa. 

Claro que seria impossível para nós vivermos como eles vivem. E eles será que gostariam de viver como nós? Sempre a acumular capital para viver? Como uma tortura insidiosa, pingos que caem a intervalos certos para nos moer o juízo? E nós como sobreviveríamos, se estamos viciados nesta acumulação, se nada do que é simples nos satisfaz? Porque só vamos aos restaurantes que têm fila não é, só esses é que devem ser bons? 

Viver gratuitamente deve ser tão difícil e trabalhoso. Ao menos na acumulação podemos nos alienar, desforrando-nos nas coisas que podemos adquirir com isso, usá-las, abusar delas. Mas não estaremos também a abusar-nos? Quanto mais acumulamos, mais podemos abusar de tudo. Porque a acumulação é poder e portanto também podemos abusar dele sobre os outros. 

Talvez seja esse então o sentido da vida. Acumular para reinar. Sobre os outros, mas nunca sobre si mesmo. 

Saturday, July 04, 2020

Devs ser espetacular

 Há realizadores que devido ao seu passado despertam sempre curiosidade quando lançam alguma coisa nova. È o caso de Alex Garland, que surgiu no panorama audiovisual norte-americano, ecomo uma lufada de ar fresco, com as suas obras viradas para o futuro e com o cuidado estético fora do normal.
 Devs é um formato mais longo do que Garland está normalmente habituado. Fazer uma série de oito episódios é bem diferente de fazer um filme, mas o realizador esteve á altura do desafio.

 Mais uma vez, a tecnologia e o futuro são o tema central desta série. Uma empresa tecnológica desenvolve, um super computador quântico capaz de ver tudo. Isto entrelaça-se com a vida de várias personagens, todas elas bem trabalhadas e bem interpretadas pelos respetivos atores. Destaco aqui, Nick Offerman, um ator marcado pela comédia em Parks e Recreation, aqui num registo completamente diferente da sua zona de conforto. Apesar de tudo isto, e que já é muito, a série faz-nos refletir seriamente sobre uma questão essencial na existência humana. Determinismo ou o livre arbítrio? Esta questão está espalhada pelos oito episódios da série e é tão, ou mais relevante, que a trama propriamente dita. Enquandra-a não numa questão filosófica, discutível por académicos ou religiosos, mas sim com uma abordagem cientifica e mais importante de tudo, decorrente da introdução de uma nova tecnologia que terá a capacidade de mudar o mundo em que vivemos. Também aí Garland, parece estar á frente do seu tempo, ao antecipar questões que o desenvolvimento dos computadores quânticos, poderão acarretar nas nossas vidas.

https://www.youtube.com/watch?v=Fp9LMsI6uJ8

Wednesday, April 15, 2020

O vírus e a verdade

  Nestes tempos de suposta pandemia, somos devorados todos os dias com histórias, números e gráficos com curvas mais ou menos achatadas. No meio deste manancial informativo parece difícil destrinçar onde está a verdade. 
  Sabemos, por experiência que os meios de comunicação social amplificam a realidade usando mecanismos de indução emocional. Este período é um festim para o sensacionalismo, que maximiza exponencialmente um dos medos mais básicos do ser humano. O medo da morte. Assim, todos os dias, o ritual de anunciar o número de mortos e infectados, torna real para o comum cidadão, que ele pode ser o próximo a marchar. Se há uma coisa que o Covid-19 conseguiu normalizar foi o sensacionalismo informativo. Assim, os meios, que se autodesignam como sérios, com informação credível e verificável, também embarcaram, com honrosas exceções, neste frenesim. È caso para dizer que se não se é infectado pelo vírus, é-se infectado pelo medo. 
 Parece-me, no entanto, que o momento Covid-19 não difere em muito de todas as outras encenações da realidade que os meios de comunicação nos brindam. Por exemplo, quando noticiam um atentado terrorista, a técnica é semelhante. Massacre informativo que por sua vez amplifica certos estados emocionais no espectador. E como ele facilmente se vicia na desgraça!!! A única diferença é o tempo dedicado ao assunto. Enquanto, o mundo continua a girar, depois de um bombista suicida matar várias pessoas, o Covid-19 secou tudo o resto á sua volta, só ficando ele, esse minúsculo vírus e toda a paranóia que o mesmo acarreta. 
 Com tanto tempo dedicado ao mesmo tema, seria de supor que a verdade e toda a verdade, nos seria transmitida certo? Errado. Além de doses diárias de pânico, de suposições, de falsa solidariedade entre as pessoas, continuamos a saber pouco. Como começou? Por quem( Dizem que é um animal, mas ninguém sabe qual)? Porquê medidas tão restritivas? Serão mesmo necessárias? Quando é que as vão levantar? Quantos metros as pessoas devem estar separadas para evitar o contágio? O uso de máscaras é eficaz? Quem vai beneficiar financeiramente com isto tudo? Os testes são fiáveis? Porque é que as vacinas vão demorar tanto tempo? E serão elas fiáveis? Há já outras alternativas terapêuticas? Estas, e muitas outras perguntas, continuam por responder, e enquanto não tivermos respostas concretas ás mesmas, iremos continuar a nadar contra a corrente diária de desinformação.

O vírus e a liberdade

  Vivemos tempos conturbados. O aparecimento de um vírus misterioso, alimentado pelo medo e histeria propagado com grande alarde pelos meios de comunicação social, veio pôr a nu todas as incongruências que habitam as vidas da Humanidade.
   Em nome de uma ameaça invisível, abrimos mão das nossas mais elementares liberdades, como a liberdade de nos movimentarmos livremente, ou ainda a liberdade de expressão, que, salvo escasso exemplos parece ter dado lugar a uma unanimidade bacoca em todo o espaço público.
  Há muito tempo, que a esmagadora maioria das pessoas que habitam este planeta, eu incluído, abrimos mão da nossa responsabilidade individual, o que equivale dizer, da nossa liberdade, e a demos a outras pessoas que ocupam variadíssimos lugares nas instituições que nos regem. O paradoxo aqui, é que, sabemos de antemão que essas instituições são podres, não agem de forma transparente e democrática, e respondem a poderes que não conseguimos nomear ou identificar, porque atuam nas sombras. Este poder que oferecemos, é dado a intermediários, que respondem, não perante nós cidadãos, mas perante outros que, na esmagadora maioria das vezes, estão-se completamente a borrifar para a nossa vida.
  O que o Covid-19, veio clarificar, foi precisamente esta realidade. Não sabemos exactamente a verdade por trás deste confinamento. As justificações que nos dão não parecem fazer sentido perante a realidade. Há um vírus, que mata algumas pessoas, não muitas, se compararmos com outras maleitas ou situações, como acidentes rodoviários. As pessoas mais vulneráveis, são essencialmente velhos com outros problemas de saúde, portanto facilmente identificáveis para serem protegidas. Neste caso, elas mesmo poderão se proteger ao fazer auto-isolamento quando puderem. Sabendo isto tudo, os Governos, que em tempos normais, gostamos de acusar á boca cheia que são corruptos impõem uma quarentena obrigatória, que vai resultar numa grave crise económica que vai afetar milhões de pessoas. Estes mesmo Governos para fazerem face a esta paralização não terão outro remédio que endividar-se( não são eles que se endividam, somos todos nós), ficando assim á mercê dos credores, que, como já aprendemos no passado, não terão dó nem piedade em nos cobrar com juros avultados, o que tão "benignamente" nos emprestaram.
  Eu gostava de acreditar que tudo se vai resolver bem, mas não sejamos ingénuos. Este "golpe" é só mais um perpetrado, para esbulhar o nosso dinheiro e a nossa independência. No final de todo este drama, vamos ficar todos mais pobres e com menos liberdade, não só na Europa, mas em todo o Mundo. Da parte do verdadeiro poder já todos sabemos o que esperar. E nós, como é que vamos reagir?

Thursday, November 29, 2018

O Rui afinal ficou

Ontem à noite, todas as televisões discutiram o assunto como se fosse um fato imutável. Rui Vitória já era e antecipava-se o regresso à Luz do salvador Jesus. No dia a seguir afinal, nada disso se concretizou e o pobre do Rui que já tinha os patins bem postos e amarrados vai continuar como treinador do Benfica. Pergunto eu? Mas que raio de informação temos nós em Portugal, que debate um tema à exaustão baseado em boatos e especulações, fazendo-o passar por um facto consumado? Se isto não é gozar com a cara das pessoas então já não percebo nada.
  Supostamente há uma tal de ERC que deveria estar atenta a estas coisas, mas ao que parece os seus membros devem-se ter distraído a acompanhar a maratona de açoite ao Rui Vitória. É que se ninguém controla o quarto poder, dizem o que lhes apetece sem consequências. O mais irónico de tudo isto é que os meios de informação que se declaram sérios e rigorosos pelos vistos recorrem ao mesmo expediente das fake news nas redes sociais. 
  Uma palavra de apreço para a RTP 3, que no meio do delírio sensacionalista sobre o Rui Vitória, foi a única estação que não estava a falar sobre o assunto e sim com um programa de comentários sobre a actualidade politica. Assim sim, bendita taxa do audiovisual que me esmifram na conta da EDP.

Friday, October 16, 2015

A sombra

 Todos temos uma sombra. Se calhar, a maioria de nós não se apercebe da mesma, mas eu sinto-a bem presente dentro de mim. Esta sombra é como um véu que cobre a luz, a alegria, a liberdade e o amor que há dentro de mim. Mas já não a tapa. Agora, pelo menos sei que ela está lá, enfraquecida pela sombra, mas está lá. 
 Essa sombra é como uma força que nos divide o ser. Não creio que seja natural, mas fabricada no dealbar desta humanidade para cumprir um propósito. Estando divididos dentro de nós, também o estaremos fora. Basicamente, é por isto que passa a estratégia dividir para reinar, e quem reina conhece-a muito bem, pois já a pratica há milénios. È como se fosse um programa que nos limita a vida e nos torna autómatos de quem manda. Nesta sombra cabe quase tudo o que há de negativo. Medos de toda a espécie. Medo da morte, o maior deles todos, medo da rejeição e tantos outros manipulam a nossa percepção da realidade. Assim, vivemos contra os outros, nunca com os outros. A Divisão é alimentada por mil e uma merdas que julgamos, definem a nossa identidade, mas que em vez disso só nos aprisionam na sombra. Religião, nação, família, raça, tribo, facção, seita, a história humana é um eterno conto de horrores alimentado pela ilusão da divisão. O outro é o inimigo, mas o verdadeiro inimigo está dentro de mim. Subtil, sorrateiro, disfarça-se e faz-se passar por mim. Assim, vivo sempre em tensão, em conflito, porque estou dividido. È impossível ter paz, quando procuramos fora, o inimigo que temos dentro.
 Como superar isto? Não sei. Ainda estou na fase de o reconhecer. Uma coisa eu sei. Enquanto, nós pessoas, não o reconhecermos e não o superarmos, nunca haverá paz interior. Só depois desta ser conquistada por todos, a mesma de manifestará no exterior das nossas vidas.

Thursday, October 08, 2015

A Tasca, o Regresso com...Legislativas 2015

 Pois é. Depois de tantos anos de um mutismo ensurdecedor que abalou profundamente o mundo da blogosfera, e por que não dizê-lo, o mundo em geral, A Tasca, regressa ás postas para falar da atualidade premente em Portugal. Depois dos Portugueses, esse povo masoquista, que esgotou todas as edições das 50 sombras de Grey, terem escolhido dar a vitória ao chicote revigorante da Coligação PSD-CDS, o país está mergulhado em mais dúvidas do que certezas. A Coligação ganhou, é certo, mas em minoria. O PS, apesar da derrota, tem a faca e o queijo na mão, a não ser que sejam mariquinhas, O Bloco encheu o peito e até os cinzentões dos Comunas já admitem talvez viabilizar uma espécie de entendimento mais á esquerda.
 Vamos aos cenários portantos:

  Cenário 1: ( Been there, Done That)

 Coligação governa em minoria, com entendimentos pontuais do PS. Este cenário, que para mim é o mais provável, vai resultar no desgaste da Coligação, com o PS a cavalgar para a vitória com possível maioria absoluta em eleições antecipadas provocadas por uma moção de censura do PS, Bloco, CDU e PAN( Não nos esqueçamos destes que também lá estão) a uma treta qualquer sobre austeridade.

  Cenário 2: ( Todos Juntos, Todos Juuuntos)

 Levados por um sentimento bacoco de patriotismo, com pedidos fortes de grandes franjas da sociedade( traduzindo, Merkel e o Diretório Europeu) PSD, CDS e PS juntam-se todos como irmãos felizes, num coreáceo Bloco Central pró-austeridade. A extrema esquerda fica a mandar vir com todos, que é aquilo que sabem fazer bem e o Governo é capaz de chegar ao fim da legislatura, a não ser que o Marcelo Rebelo de Sousa de farte dos gajos e mande a malta ir a votos mais cedo.

  Cenário 3:( socialismo finalmente!!)

 Algo inédito acontece na Democracia Portuguesa. PS, Bloco e CDU( e porque não o PAN porra), fecham os olhos ás suas divergências históricas e unem-se num governo de maioria, patriótico e de esquerda. Muito, mas mesmo muito improvável.

 Cenário 4: ( Bélgica )

 Cavaco e Silva, o apóstolo da estabilidade, faz finca pé e não empossa nenhum governo enquanto não houver uma solução maioritária. Entretanto as negociações arrastam-se e passam-se dias, semanas, meses e governo nicles. Este só acontece se o PS não aprovar o orçamento, o que, ao que tudo indica, não vai acontecer.

Agora, é esperar para ver, como se desenrolam as coisas nos próximos dias. Porque isto, como é em Portugal ainda vai demorar.

Thursday, February 09, 2012

A Montanha Mágica

O último álbum do Rodrigo Leão, A Montanha Mágica é pura e simplesmente estrondoso. Acho que o nome não podia ter sido melhor escolhido, porque quando ouvimos as musicas deste trabalho, parece mesmo que fomos transportados para uma Montanha Mágica.